segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Receita: FAROFA DO DESEJO

...Teu escarro em minha boca, fecunda
Pichou 24 fotogramas por segundo da farinha do desejo
Grave, não apenas a voz (Eco de Orixá)
Grave, era o que esta causava em minhas entranhas 
Nó nas tripas, nó nas línguas 
Contigo, o verbo: Antropofagiar 
Teu corpo, Manifesto Pau Brasil, fiquemos grávidos de Macunaíma

Teu sêmen em meu olho, fecunda

Carla Pernambuco cozeu Vi©tor França
Sabor de terra, menino terra
Nanã serviu com pimenta, cominho, noz moscada 
E eu comi...
Mas a fome, não houve fim, eterno retorno?

Teu ser em mim digerido, fecunda 
                                                      [Vênus de Willendorf agora Sou]

Arranco meus olhos, não Édipo e sim Moiras
Coloco os teus...
Samadhi
Raiz Forte
Mandioca Brava
Marijuana
“Ele quer me destruir...”

Samba, suor
Bunda de mulata, muque de peão
Voa melhor que as aves temidas
Voa (in) verso
Voa para antes do princípio 
Voa para a véspera, para colocar-me embaixo de seu abraço, para a destruição do orgasmo
para dentro, para onde eu possa escutar você dizer:
- Me fode!
He's exploring
The taste of her
Arousal
So accurate
He sets off
The beauty in her
He's Venus
Venus as a boy

(fritando ovos caipiras)





MANIFESTO INSTÁVEL DO DESEJO

                                         28 anos
Aos porcos a gripe.
O ranho, o traço, o tróço, o trôço.
Assim Existo!
Pelo buraco de uma agulha, pelo buraco da mãe, Glory Hole.

Nossa Senhora dos Desejos
Nossa Senhoras dos Orifícios
Nossa Senhora daquilo que não é preenchido.

Dilatou o abdômen com fermento em pó ou bicarbonato de sódio ou cianureto de potássio?

“Burning inside my brain”, não só!

Pênfigo, jogaram Kall, cimento, areia.

Meu coração tem catedrais imensas, de Gaudí, Dalí, Ghandi. Mas não as de Augusto. Compartilhamos o quebrar da imagem dos nossos sonhos, a putrefação, o verme. Helmiben.

Balança. Privada do Desejo. Com a boca dos chakras, adepto do Scat.
Fundo o “Merdismo”, lábios costurados. Apenas os dedos.

“Show me your teeth”, Corinthian!

Quem dera fosse hálito da morte, não, não!
É sub vida
sub
sub
subi em minha cabeça. Ínfima!

Semente de mostarda, morango mofado, floresce na rocha, espinho, carne, em dura carne.

Antropofagia.

Fora da pupa O homem de Teta, A mulher de Barba, nomeou-se: Marijuana. Maria e João, não irmãos. Hermafroditas.

Procure em mim o vazio que amplia, amplia, amplia.
Fist
First
Fierce Fucking

Pare! Antes que o (a) Desejo se transforme em Delirium e escreva sobre gotas de sangue pingando em almeirão picado!

Baseado em Fatos Reais do Desejo de Ser
do Desejo de Ter
do Ser Rejeito do Túmulo do Útero

[…] feto malsão, criado com os sucos
De um leite mau, carnívoro asqueroso [...]
“I'll forget you I will
And yet you are still
Burning inside my brain

Romance is mush
Stifling those who strive
I'll live a lush
Life in some small dive
And there I'll be
While I rot with the rest

Of those whose lives are lonely too” Lush Life. STRAYHORN, Billy




terça-feira, 17 de setembro de 2013

MANIFESTO DO SEXO ANAL (incompleto)

Não temais o que tens!
A igualdade na física humanoide.Pau e buceta são excludentes, CU nos iguala. Orifício que nos liberta da pútrida fossa.
Mantenedor de virgindades claustrofóbicas, desvinculação de princípios matrimoniais.
A dor em gênese, personifica a jornada do herói, catarse purificadora.
Provamos o amor ao cu, quando gregos criaram o beijo homônimo, os lábios encontram-se, não mais Lúcifer caído, e sim liberdade restaurada.
O coito entre dois homens privados da sacralidade uterina; resta-lhes a escatologia. Inundado pelo sêmen que rompe a cadeia darwiniana.
Louvado seja o falo que se encoraja a explorar a inversa caverna platônica, 7 metros de intestino, 7 grandes religiões, 7 cores do arco-íris. A sabedoria fétida, Artaud, Rimbaud, Augusto dos Anjos.
Seja na postura de Lilith, no ficar de quatro, dar o cu é sinônimo de simbiose.
Abrir a carne das bundas e o olho desta intramosfera.
Terminações nervosas que percorrem a espinha dorsal e, no cérebro, promovem a revolução do proletariado, tão sonhada por Marx.

Assim, instaura-se na sodomia a dialética encarnada.

quinta-feira, 21 de março de 2013

CENA por Rodrigo Santiago e Kall Andrade




ATOR 1 (posicionado no centro do palco, iluminado apenas pelos raios, segura um bastão de madeira em uma das mãos) - Eu não estou seguro aqui, acontecem coisas estranhas. Pessoas são como planetas, temos tem que ter uma pele grossa, acho que irá acontecer alguma coisa, é 2013 início da segunda década do terceiro milênio. (Texto enumerativo) Talvez Cristo retorne, os problemas venham juntamente com o fim, o céu entrará em colapso com uma luz terrível e venenosa. Quem sabe eu tenha uma vida boa, meu companheiro me ame e seja maluquice minha pensar o contrário ou não. Poderá ser bem pior do que eu imagino, queira eu saber, talvez. O suspense está me matando!
(As luzes se acendem, som alegre e festivo, ATOR 2 está pendurado sobre barra de ponta cabeça. ATOR 1 venda os próprios olhos, gira em torno de si 10 vezes, brincam de “quebra panela”).
ATOR 2 (enquanto desvia dos golpes do ATOR 1) - estabeleço sequência catatônica em ser indivíduo de direitos, prisioneiro, cadáver. Dia de São Nunca, minutos relativamente sem tempo. Quilos, gramas reservistas nos decibéis, no gozo de litros, cerca de 20 centímetros. RG, CPF, CEP, SMS, GPS, P, EXTRA G, IP, perfil anônimo, o que você curte? Carteiras, cartões, certificados, renda, dividendos, tributos, taxas, Pis and Cofins num superávit do Alprazolan, Diazepan, Clonazepan, fracionados no consome, descarta, recicla capítulos no déficit de a. C e d. C, AZT.
(ATOR 2 ao ser acertado por ATOR 1 joga confetes e doces, como uma explosão).

terça-feira, 20 de novembro de 2012

CATADIÓPTRICO O ADJETIVO DE SER HUMANO




Há fronteiras ou paradigmas que como uma circunferência, delimitam a arte contemporânea?

O espetáculo CATADIÓPTRICO (adj.1. Relativo ou pertencente tanto à reflexão quanto à refração da luz. Propriedade da arandela reflexiva – olho de gato), propõe o questionar do limite na arte, caso este ocorra, nos corpos dos quatro atores presentes em cena, estas argumentações geradas no processo psicomotor com o auxílio da técnica rasaboxes “o ator como atleta das emoções”, ou seja, treinar o ator/bailarino/performance na conjectura corpo/mente/emoções numa composição visceral para acessar, exprimir e gerir essa tríade holística, concebida na década de 1980 e 1990 por Richard Schechner, conforme definição pesquisada e estudada por Juliana Calligaris (in “Projeto Rasaboxes – O Ator como atleta das emoções”, por Juliana Calligaris, São Paulo – SP, 2012).

Antonio Ginco, Juliana Calligaris, Lucas Barbosa e Monalisa Vasconcelos, estes com sua humanidade refletem argumentações nas perspectivas do quem somos, a relação com o tempo e sua formatação de posturas sociais, o ofício da arte com significados particulares (com a utilização de histórias pessoais) para a associação global, catártico para o espect-ator, conceito de espectador não passivo, mas sim agente de sua história, desenvolvido por Augusto Boal (in “Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas”, Ed. Civilização Brasileira, São Paulo-SP, 2005).

Uma composição poética que contrapõem a concepção de Peter Brook e seu Teatro Morto, o teatro enfadonho em que o fator comercial, a necessidade do dinheiro sobrepõem o caráter artístico, o “Teatro Sagrado, o Invisível-Tornado-Visível: O conceito de que um palco é um lugar onde o invisível pode aparecer tem um grande poder sobre os nossos pensamentos”, ou seja, as emoções ganham corpo. (in “O Teatro e Seu Espaço”, Peter Brook,Ed. Vozes Limitadas, São Paulo-SP, 1970).

Com roteiro inicial de Monalisa numa ação híbrida e colaborativa de todo o elenco, em que cenas não lineares constroem um panorama contemporâneo graças à digestão antropofágica, ironias políticas-sociais, a superficialidade intelectual causada pelos meios midiáticos, e a transformação que a arte pode ocasionar perante estas conjunturas creditadas hoje (erroneamente?) como sine qua non.
A direção de Leticia Olivares, graduada em Dança e Consciência Corporal pela FMUSP, proporciona uma requintada limpeza estética numa construção minimalista em que todas as ações possuem significados, nada além do necessário, em que equilibra as potencialidades de cada ator e consegue assim torná-los ao mesmo tempo individuas, autorais e corporificados, “a verdadeira arte secreta do ator” como ensina Eugenio Barba.
As interpretações estilisticamente antagônicas e suplementares abastecem as dificuldades por falta de experiência viva em palco dos atores Lucas Barbosa e Monalisa Vasconcelos, outro bônus para a direção.
Uma dificuldade ainda não sanada é quanto a luz, esta talvez por falta de recursos específicos provoca um choque de realidade, a imersão é quebrada quando a geral vaza pelo espaço além palco.
Os figurinos e cenário desenvolvidos por Paulo de Moraes é um destaque no todo, valoriza a personalidade de cada integrante em que cores são presentes apenas na camiseta, num projeto op art em que as riscas de branco e preto presentes nas saias e calças são estendidas pelo chão e paredes, na tendência fashionista da construvisão: volumes retorcidos, geometrização, sobreposição e recortes gráficos.
Ao final quando os atores recolhem em pequenos recipientes seu suor e entregam-no à plateia, o ato metafórico da oferenda, doação, os corpos humanos refletindo humanidade, a pergunta inicial se a arte possui limites será respondida na “internalidade” de cada espectador, a pulsação única, a gênese em que retornamos ao processo tribal, ritualístico e devidamente humano.



FICHA TÉCNICA


Roteiro original: Monalisa Vasconcelos
Dramaturgia coletiva
Organização dramatúrgica e Direção: Leticia Olivares
Elenco: Antonio Ginco, Juliana Calligaris, Lucas Barbosa, Monalisa Vasconcelos
Preparação corporal: Leticia Olivares
Preparação vocal: Juliana Calligaris
Cenário e figurinos: Paulo de Moraes
Iluminação: Fabio Reginato e Lucas Barbosa
Trilha sonora: Leticia Olivares
Operação de luz: Leticia Olivares
Operação de som: Clarissa Olivares Rodrigues e Pedro Darween
Fotos: Fábio Reginato e Jeferson Kim
Produção gráfica: Lívia Maia e Maura Hayas
Produção geral: Trilhas da Arte Pesquisas Cênicas

Local: Estação Caneca/Espaço Trilhas da Arte
Rua Frei Caneca, 384 – Bela Vista
Última apresentação do ano: 23/11 ás 16h
Ingresso: Gratuito
Pela Mostra dos 10 anos de Fomento ao Teatro

terça-feira, 18 de outubro de 2011

SENTIDOS

“Percorremos um círculo completo, do túmulo do útero ao útero do túmulo: uma ambígua e enigmática incursão num mundo de matéria sólida prestes a se diluir para nós, tal como ocorre com a substância do sonho.” Joseph Campbell
É plausível de júbilos quando tenho dores estomacais e insônia durante a gestação de um texto e na tentativa de concretizá-lo, acabo por ESCREVER... sobre a tentativa frustrada de... ESCREVER.  Um diálogo sobre nossas incapacidades pode ser cruel ou uma forma de alimentar o ego.
Depois desta punheta... foi bom pra você? Acendo o cigarro, ouço Greatest Hits da Whitney Houston, hoje, domingo, permito-me ser cafona, uma característica cultural, nos outros dias sou professor de história inativo, pseudo secretário de escola e um fake estudante de teatro, viciado em Dramin® e tendo como certeza Freudiana a paixão por ursos.
Esta é a arte que nos move, transformam-nos em heróis da odisséia pessoal e constroem significações para o sentido da vida.
Depois deste parágrafo digno de uma cadeira entre os Imortais da Academia ou proveniente de algum Best Seller de autoajuda, ofereço-lhe dois caminhos possíveis: furar os globos oculares (Édipo?!) ou descobrir o sentido para a SUA vida... as duas opções podem levá-lo a uma “cegueira” libertadora....
O desejo pelos ursinos que provoca estímulos orgânicos para que eu escreva, objetivam existência ou sociabilização?! Sangue, suor e sêmen, assistindo “Julie & Julia” à “Requiem for a Dream”, passando por “O Bebê Santo de Macon” e “Sex and the City”, lendo de Joseph Campbell, Caio Fernando Abreu, Almodovar e Martha Medeiros, para assim edificar paralelos e concepções de um chaser no microcosmo bear.
Um chaser a procura de quantos e quais sentidos ele privou...
Então... posso entrar?
“O herói, por conseguinte, é o homem ou mulher que consegue vencer suas limitações, históricas, pessoais e locais e alcançar formas normalmente válidas, humanas.” Joseph Campbell

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

UM


“You'll be given love/ You'll be taken care of/ You'll be given love/You have to trust it

Maybe not from the sources/ You have poured yours/ Maybe not from the directions/ You are staring at… All is full of love”

Poderia doar a ti minha constituição, não há nada que não seja teu... universalidade, mundo das idéias ou propósito espiritual...
Desejo que esteja... que habite e que sejamos circundados pela efemeridade anárquica e orgânica. Mas que nos concretize... Consolidar o verbo em verbo. Deixemos de ser carne. Seja em um dia, estou contigo, permita-me sentir e ser... seja por um dia...

“Drink me, make me feel real/ Wet your beak in the stream/ Game we're playing is life/ Love is a two way dream”