"Quero ir embora daqui. Não fazem sentidos tantas coisas. Muito menos eu. Não há verdade em torno de mim. É hipócrita. Uma invenção "tosca" de uma mente depravada, doente, ávida por não sei o quê; a âncora fraca que não mais sustenta barco qualquer, à deriva. Completamente à deriva, é isso. A melhor definição: a âncora enferrujou, não era pesada o suficiente, foi desamarrada, inventada, tanto faz. O que importa é que o barco se afastou da margem, do porto, do inerte. Se o vento vem, barco vai, se não, fica. Se chove, molha. Se o mar se assusta, quem tem medo é o barco, que dança, se vira, na iminência de ser tragado pelas ondas. Ainda tenta se manter na superfície, até consegue. Mas a água que o cerca não é segura, não se segura, não se pega, nem se agarra. Ela flui, passa não volta, vai e vem, é traiçoeira, segue seu rumo, mas não leva o barco a um lugar. Tenta engoli-lo, sem fome. Pelo simples prazer de seguir seu ritmo, ignorando qualquer tipo sólido sobre si. Não lhe incomoda o peso do barco. Realmente é insignificante."
"A gente fala da morte tão tranquilamente como se ela estivesse ali, do nosso lado como velha conhecida. E é. Como se não nos causasse aflição. Ou não fosse, de verdade, nos atingir. Por que nos enganamos tão sutilmente? Somos cúmplices numa mentira tão óbvia que é melhor não questionar mesmo. A verdade que me falta por todos os lados, não é necessária aqui. Só uma brincadeira de vida, na qual escolhi ser "café com leite". Quando terminar, alguém me avisa ou se ficar chata, paro de brincar. Às crianças tudo é simples assim. Sábias são elas que não fingem tão inescrepulosamente como nós. Tenho medo." MARIVONE RAMOS...
"A gente fala da morte tão tranquilamente como se ela estivesse ali, do nosso lado como velha conhecida. E é. Como se não nos causasse aflição. Ou não fosse, de verdade, nos atingir. Por que nos enganamos tão sutilmente? Somos cúmplices numa mentira tão óbvia que é melhor não questionar mesmo. A verdade que me falta por todos os lados, não é necessária aqui. Só uma brincadeira de vida, na qual escolhi ser "café com leite". Quando terminar, alguém me avisa ou se ficar chata, paro de brincar. Às crianças tudo é simples assim. Sábias são elas que não fingem tão inescrepulosamente como nós. Tenho medo." MARIVONE RAMOS...
Lindissimo o texto e o vídeo
ResponderExcluirObrigada Kall por considerar o barco, a âncora e o mar que ainda insiste em me tragar, sem sede nem fome, como se brincasse de vida e morte. Te adoro
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