terça-feira, 17 de agosto de 2010

EU SEXO, TU SEXAS, ELE SEXA... SERÁ?


Insônia atormentadora, talvez provocada pelas músicas bregas e românticas que infestam as rádios nas madrugada dos amantes e sonâmbulos incorrigíveis. Procuro meu Dramin e como um raio paralisante observo o blister vazio, pondero, estou viciado. Em instantes, este devaneio provocador de olheiras é interrompido com pancadas rítmicas que abalam as estruturas de minha parede e do silêncio sepulcral anterior. Escuto em êxtase, animação crescente... a cama alheia range, o silêncio retoma seu trono e interrompe a tomada da Bastilha. Refaço toda a experiência sonora e percebo que foram menos de 2 minutos! Não mais 11, como o do Paulo Coelho, apenas um e alguma coisa, sem suspiro ou gemidos. Apenas passos, descarga, flatulência, silêncio e ronco suave. Toda esta tragédia secular foi encenada a apenas uma parede, minha casa geminada permitiu que minha imaginação deslumbra-se posições, expressões e brochei. Lembro-me da antiga inquilina que avassalava minhas madrugadas com respirações ofegantes, gemidos e orgasmos digno de cinemateca Almodovariana. O mais importante para o meu estado de euforia absoluta é a sonoridade de todo o processo sexual, ela amplia os sentidos, relata os prazeres e demonstra caminhos. Tanto faz sentido o que digo que, não há filmes eróticos mudos, os produtos desta linhagem artística colocam aquela trilha sonora de sax intercalada a sacanagens sussurradas, que em uma relativa comparação eu prefiro a sessão da tarde e seus filmes dejá vu. Quando pequeno desenvolvi asco ao saber que deveria ser feito o sexo nu e ainda mais com aquela rítmica.Aprendi a dançar.Questionei tabus, em minha primeira vez não havia lençóis de linho egípcio de 400 fios, leve brisa perfumada ao som de uma cantora lírica soprano celebrando um ritual a Hera, pétalas de rosas cobrindo minha pele transpirada de desejo e a pessoa que soubesse todos os pontos, tanto de meu coração quanto de meu corpo, faria em meu ápice atingir a face divina. Na verdade foi bêbado, quase em coma, no banheiro, no primeiro churrasco da faculdade. Assim, criei uma técnica infalível contra arrependimentos, analiso se conseguirei olhar a pessoa após o acme do ato sexual, sim!!! Pois se vejo-me correndo a procura da cueca toda enrolada, tendo de olhar para as intimidades lânguidas e sentir-me decadente como a um casamento, a exercitar papai-mamãe sem emitir pelo menos um obrigado... então volto para casa, tomo meu banho, risco o nome da agenda, adormeço com Dramin e sonho com minha antiga vizinha. ensinando a atual os sons do prazer os quais eu tanto admiro e desejo.

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